Olá caros leitores, meu nome é Rodrigo Neves, sou colunista do Canal TTZO e hoje estou aqui a convite da Bucaneiros para apresentar a vocês um jogo de estratégia clássico: Stone Age. Espero que apreciem o material.
Sinopse do Jogo:
Em Stone Age os jogadores lutam para sobreviver à Idade da Pedra, trabalhando como caçadores, coletores, agricultores e fabricantes de ferramentas. Você deve reunir recursos e evoluir sua tribo, conseguindo as ferramentas necessárias para construir sua aldeia. Um jogo de Bernd Brunnhofer (Saint Petersburg) que foi publicado pela Rio Grande Games e agora possui uma tiragem em português pela Editora Devir. Sendo de 2 à 4 jogadores, ele é um eurogame que pode durar de 1 à 3 horas, dependendo da familiaridade e número de jogadores.
Mecânicas:
- Alocação de Trabalhadores;
- Coleção de Componentes;
- Rolagem de Dados.
Componentes:
O jogo vem em uma caixa com largura e profundidade padrão de boa parte dos euros, somente um pouco mais alta do que o comum. Ao abrir a caixa, nos deparamos com uma carta da Devir, explicando a ausência do copo de couro presente na versão internacional.
No exemplar desta resenha, utilizei o insert em MDF produzido pela Bucaneiros especialmente para este jogo. Por baixo do tabuleiro principal e dos tabuleiros individuais dos jogadores, todos os componentes ficaram acondicionados em caixas próprias e bem separados, facilitando bastante o setup e a arrumação pós jogo.
Particularmente, achei a solução adotada para abrir e fechar as caixas muito inteligente, pois facilita bastante o manuseio.
Com relação aos componentes do jogo, temos uma série de tokens quadrados dupla face, que representam ferramentas numeradas de 1 a 4. Estas ferramentas funcionam como um recurso importante para amenizar a sorte presente nas rolagens de dados, em busca da obtenção de recursos. Existem também 7 dados de madeira pequenos no jogo.
No jogo, temos diversos recursos como madeira, tijolo, pedra e ouro, que são representados por meeples de excelente qualidade. Este tipo de cuidado traz uma imersão bacana ao jogo, e tenho certeza que contribui muito para o sucesso de vendas do Stone Age.
Uma crítica que deve ser feita é com relação a quantidade de peças de recursos disponibilizadas. Para uma partida com apenas 2 jogadores, já não temos material suficiente. Com 4 então... só com ajuda de papel e caneta para não se perder no controle de recursos de cada jogador. Existem pacotes de meeples extras a venda no mercado. Neste ponto a Bucaneiros merece um grande crédito, pois as caixas de recursos do insert tem muito espaço para receber diversos meeples extras, muitos mesmo.
Temos também tokens para representar o estoque de comida de cada jogador, nos valores 1, 2, 5 e 10.
Para cada jogador, temos um conjunto de 10 meeples que representam seus trabalhadores e dois cubos para a marcação da pontuação de vitória (cubo maior) e o tracking de agricultura (cubo menor).
O insert ainda conta com uma caixa para as peças do jogador de cor preta (5º jogador) e outra caixa para os recursos em forma de ornamentos de marfim, ambos presentes na expansão Stone Age: Style is the Goal...
O jogo possui um conjunto de cartas que geram recursos extras durante a partida, e são provavelmente a maior fonte de pontuação para o final do jogo. Tenha muito cuidado para comprar a melhor coleção de cartas e seja o vencedor do jogo.
Cada carta possui na sua metade superior a indicação do que será ganho imediatamente na sua compra, e na parte inferior, a indicação dos tipos de multiplicadores de pontos de vitória, para o fim de jogo.
As cartas que possuem o fundo da metade inferior verde, são cartas de avanços tecnológicos para sua civilização. Aqui, vale conseguir recolher a maior variedade possível. Já as cartas de fundo areia, são multiplicadores para seu avanço na agricultura, números de cabanas, número de trabalhadores ou total de ferramentas. Neste caso é mais vantajoso buscar uma maior repetição de multiplicadores iguais.
O jogo ainda conta com diversos tiles de construções, que geram ganhos imediatos de pontos de vitória. O topo da peça indica os pontos que serão ganhos, e na parte mais baixa, os recursos que serão necessários gastar para a construção. Uma nota especial para os tiles com pontuação variável, que usa o símbolo de ? no valor da pontuação. Estes geram pontos proporcionais aos valores dos recursos gastos, que muitas vezes, geram um resultado final muito superior aos de valor fixo. Fique de olho neles...
O marcador de primeiro jogador é um token 3D com uma figura de chefe tribal, e já foi apelidado na comunidade, carinhosamente, de “Lulinha”, em homenagem ao nosso ex-presidente.
Cada jogador tem um tabuleiro individual para organizar seus recursos e suas conquistas. Tem espaço para guardar as ferramentas, cabanas, uma fogueira para seus trabalhadores, assim como referências aos valores dos recursos e da pontuação final do jogo.
E por fim, um belo tabuleiro que receberá os recursos, cartas, ferramentas e as construções para receber a alocação dos trabalhadores, durante o jogo.
Setup do Jogo:
Para o setup deste jogo, devemos embaralhar todas as cartas, abrir as 4 primeiras do seu topo na trilha inferior direita do tabuleiro e deixar o baralho com as restantes ao lado.
Para cada jogador, embaralhamos e separamos uma pilha com 7 construções aleatórias, viradas para baixo, e colocamos na parte inferior esquerda do tabuleiro. Em seguida viramos a peça do topo de cada uma delas. As pilhas são públicas e todos durante o jogo poderão construir em qualquer uma delas.
Distribuímos todos os tokens de recursos no tabuleiro, sobre as suas respectivas imagens, deixando livre os círculos para alocação dos trabalhadores.
Empilhamos os tokens de comida por valor, e disponibilizamos as pilhas na área de caça, localizada no topo esquerdo do tabuleiro.
As ferramentas, viradas comas as faces de valor 1 e 3, são empilhadas no centro do tabuleiro.
Cada jogador escolhe a sua cor, recebe um tabuleiro individual, todos os meeples e cubos da cor, além de 12 de comida. Os jogadores colocar seus marcadores de pontuação e agricultura na marca zero de cada trilha.
Escolhemos o primeiro jogador, e pronto... o jogo já pode começar.
Como Jogar:
Stone Age se joga em 3 fases: alocação, resolução das ações e alimentação dos trabalhadores. Na primeira fase, iniciando do primeiro jogador ou aquele de pose do “Lulinha”, e seguindo no sentido horário, cada jogador poderá alocar em uma região do tabuleiro por vez.
Caso escolha uma carta, o jogador deve colocar um dos seus trabalhadores sobre ela. E fique atento, pois sobre ela, no tabuleiro, está indicada a quantidade de recursos que deverá ser gasta para sua compra.
Para escolher uma construção, o jogador também deve alocar um trabalhador sobre a peça e se preparar para pagar os recursos indicados em sua base.
No centro do tabuleiro, podemos melhorar o nível de agricultura, reproduzir a população na "cabana do amor" ou comprar ferramentas para melhorar a soma dos dados. Apenas fique atento que a reprodução precisa de 2 trabalhadores, que devem ser colocados juntos, ao mesmo tempo na cabana.
Para conseguir recursos, o jogador deve colocar a quantidade desejada de trabalhadores na região indicada. Cada trabalhador valerá um dado na próxima fase, de resolução das ações. Lembrando que existe um limite para o total de trabalhadores em cada região. A única área ilimitada é a de caça, que pode receber qualquer quantidade de trabalhadores e de qualquer cor, sempre.
Quando todos os jogadores alocarem todos os seus trabalhadores disponíveis, a primeira fase termina.
NOTA: Imagem meramente ilustrativa, pois em jogos com 2 ou 3 jogadores não se pode ocupar todos os 3 espaços centrais simultaneamente: procriação, ferramentas e fazenda. Agradecimentos ao Bernardo Campbell (daewolz) pelo valioso apontamento.
A segunda fase, de resolução das ações, também inicia do primeiro jogador, mas não segue alternando entre todos eles. Cada jogador executa todas as suas ações primeiro, antes de passar a vez do próximo. Neste momento, os filhos nascem, as ferramentas são melhoradas, construções realizadas, recursos recolhidos e tudo mais. A cada ação realizada, os trabalhadores voltam para a fogueira no tabuleiro individual do jogador.
Importante: Não é necessário que a execução das ações siga a ordem adotada na alocação da primeira fase. Cada jogador escolhe a melhor sequência para realizar suas ações de direito.
Para coletar recursos, o jogador conta o total de trabalhadores que foram alocados na tarefa. Para cada um deles, ele terá o direito de rolar um dado. Ele deve somar todos os valores obtidos nos dados e dividir pelo valor do recurso indicado em seu tabuleiro. Será considerado apenas o quociente da divisão, o resto será descartado. Este quociente será o total de recursos que ele conseguirá coletar nesta rodada.
Importante: É possível usar o valor de uma ou mais ferramentas em seu poder para acrescentar na soma de uma rolagem de recursos. A peça deve ser virada 90º para indicar que já foi usada na rodada.
Ao comprar uma carta, seu efeito imediato deve ser executado imediatamente, e ela deverá ser colocada virada para baixo em seu tabuleiro individual, sobre a região de referência a pontuação de fim de jogo. A qualquer momento o jogador poderá consultar as suas cartas e resumo do tabuleiro, mas não dos demais jogadores.
Quando todos os jogadores executarem suas ações, e todos os trabalhadores estejam de volta as fogueiras, termina a segunda fase. A terceira e última fase da rodada é a de alimentação. Cada jogador conta o total de trabalhadores em sua vila e diminui do seu valor de agricultura indicado no tabuleiro principal. O resultado será o valor de comida a ser pago.
Após o término da terceira fase, novas peças de construções devem ser viradas até que todas as pilhas tenham seu topo aberto, as cartas que sobraram devem deslizar para os menores custos e novas devem completar a trilha, as ferramentas nos tabuleiros desviradas e por fim, o marcador de primeiro jogador deve ser passado para o próximo jogador, no sentido horário.
O jogo termina quando a pilha de cartas se esgotar, ou no final da rodada em que uma das pilhas de construção se esgotar. Neste momento a pontuação deve ser calculada, e vence o jogador com mais pontos. Só não deixe faltar uma calculadora ou lápis/papel, pois neste jogo a pontuação costuma ser bem alta, o que dificulta a contagem de cabeça.
Uma última dica que deixo é o aproveitamento do insert para agilizar o setup e o momento de guardar o jogo. Sei que muitos preferem espalhar os recursos pelo tabuleiro, pois fica um visual muito mais bacana... mas usar as próprias caixas dos recursos no setup do jogo tem suas vantagens, principalmente em uma mesa cheia ou quando seu Stone Age costuma a ver muita mesa.
Avaliação:
Stone Age é um euro clássico! Possui arte e acabamento belíssimo, assim como mecânicas que representam de forma muito redonda o tema. Aliado as regras fáceis, tempo da partida baixo para o tipo de jogo e a baixa complexidade das ações, este jogo é uma obra prima para ser usada como gateway para jogadores não habituados ao estilo.
Alguns puristas de euros pesados podem torcer o nariz por causa da sorte envolvida no jogo. Os dados para obtenção de recursos, as construções e as cartas que surgem de forma aleatória em cada partida, mas é uma aleatoriedade controlada pelas regras e uso das ferramentas. No fim, estas situações acabam agregando ao fator rejogabilidade, e trazendo um sentido bacana que é importante investir antes para depender menos da sorte e da comida mais à frente no jogo.
O insert produzido pela Bucaneiros para o jogo está aprovadíssimo. Material de ótima qualidade, encaixes precisos e um aproveitamento bastante inteligente dos espaços. Tudo fica bem separado e organizado. Facilita até guardar o jogo na vertical, sem fazer bagunça nos componentes. Sem contar que ele já foi projetado para receber a expansão do jogo, o que facilita transportar o jogo completo para eventos, viagens ou a casa dos amigos. E você com certeza vai querer levar ele para passear, pois é um jogo que sempre agrada e encanta quando vaia a mesa. Para quem joga muito o Stone Age, vale a pena pensar na sugestão de usar o próprio insert para organizar a mesa do jogo. O tempo que é economizado no início e fim do jogo, vale a tentativa.
Exemplo de setup para 2 jogadores.