Nessa entrevista, o Game Designer Marcos Macri nos conta detalhes da criação de Jester, o sétimo jogo da MS Jogos. Em Jester cada jogador representa um artista aspirante ao cargo de Bobo da corte e durante três rodadas, os jogadores usam suas cartas de cidade, teatro, guildas e corte, para visitar essas quatro áreas do tabuleiro e realizar diversas ações. Como todo Eurogame, vence quem possuir mais pontos ao final da partida.

Saiba quanto tempo leva para desenvolver um jogo, o processo de playtest e muito mais. Vamos a entrevista!


TN: Primeiramente obrigado por responder a essa entrevista para o Tabuleiro Nerd e pelos excelentes jogos que você vem criando a longo de todos esses anos.
Marcos Macri: Olá Amigos e leitores do Tabuleiro Nerd!


TN – Jester tem uma temática bastante interessante, como surgiu a ideia para um jogo com essa temática?
Marcos Macri: As ideias surgem a todo momento na mente do Game Designer. Não há hora nem lugar para se ter a ideia inicial de um jogo. Algumas vezes as mecânicas ficam borbulhando na sua cabeça e depois você encaixa o tema. Outras vezes o tema emerge primeiro e na sequência saltam as mecânicas. Confesso que na maioria dos meus jogos os temas surgiram primeiro, através de estímulos variados. Com o Dogs por exemplo, comecei o desenvolvimento do jogo atendendo a um pedido de minhas irmãs que são apaixonadas por cães. Gran Circo apareceu em decorrência da minha profissão de mágico, atuando no setor de entretenimento há vários anos. Já o Estação Espacial Internacional (que a MS ainda não publicou) surgiu depois que eu assisti a uma matéria na televisão. Mas no caso do Jester, nosso Lançamento atual, a ideia se originou de forma mais inusitada. Eu estava em pé numa fila de banco e havia um casal na minha frente. De repente ouço a moça dizer para o rapaz: “Você parece um Bobo da Corte!” Pronto, com essa frase acendeu uma luz na minha cabeça, voltei para casa e passei horas no computador pesquisando o assunto. Duas semanas depois eu já estava com a versão inicial do protótipo nas mãos, fazendo as primeiras partidas no modo solo.
 
TN – Há quanto tempo você vem trabalhando no Jester?
Marcos Macri: Desde outubro do ano passado (2014). Essa tem sido a média de tempo com a qual trabalho nos jogos da MS, ou seja, cerca de um ano, entre a etapa inicial de criação, passando pelo desenvolvimento, playtests, execução da arte, produção e lançamento.


TN – Qual foi a parte mais difícil nesse desenvolvimento?
Marcos Macri: Bem, cada jogo que eu desenvolvo tem suas particularidades. Como as mecânicas são diferentes, as soluções encontradas para o jogo “A” não se aplicam ao jogo “B” e assim por diante. Na verdade essa diferenciação é o que torna a atividade do Designer tão desafiadora e instigante. Caso contrário haveria algumas fórmulas prontas, que resolveriam todos os sistemas analógicos, e tudo seria monótono e repetitivo. Especificamente com o Jester, duas mecânicas me deram certo trabalho: a forma de utilização das seis Guildas e o movimento dos marcadores de influência dentro da área da Corte no tabuleiro. Muitas vezes, um pequeno detalhe é o que faz toda a diferença e dá maior equilíbrio e fluidez à engrenagem que faz o jogo funcionar. Outro aspecto interessante que descobri com o tempo: as soluções mais simples, com frequência costumam ser as mais eficientes. Ou seja, entre acrescentar regras ou eliminar regras, fico com a segunda opção. 


TN – A evolução do Diego Sanchez ficou bem evidente em Jester, ele fez uma arte maravilhosa, como é o seu envolvimento neste processo?
Marcos Macri: Logo que passei a acumular as funções de autor e editor através da MS Jogos a partir de maio de 2012, meu envolvimento no processo de execução da arte, ganhou um peso maior. Tive a oportunidade de trabalhar até agora, com vários ilustradores. Cada um com seu estilo próprio. Porém, entre eu e o Diego Sanchez realmente surgiu uma sinergia muito peculiar que somente evolui a cada novo projeto que desenvolvemos. Fizemos, entre outros, Dogs 2ª edição no final de 2014, Aquarium na sequência (maio de 2015) e Jester agora. O Diego vem se esforçando para aprimorar sua técnica e além disso é um artista de grande sensibilidade. Nos entendemos muito bem. Compartilhamos nossas ideias para as ilustrações, caixas e demais componentes dos jogos. Além disso, ele é uma pessoa fácil de se trabalhar, rápido na comunicação e muito pró-ativo. Isso ajuda demais durante o processo de trabalho. Ele entende minhas limitações como editor e atende aos prazos que proponho, (nem sempre são os prazos ideais porque existem muitos empecilhos e fatores envolvidos na publicação de um jogo analógico no Brasil!).