Um polo histórico
Um dos maiores polos de produção cinematográficas do Brasil na história tinha um nome curioso: Boca do Lixo. Funcionava em uma pequena rua de São Paulo, a Rua do Triunfo, esquina com a Rua Vitória, no bairro de Santa Ifigênia. Apesar de modesto, o polo produziu nada menos que 60% de todos os filmes nacionais lançados na década de 1970.
É no Quadrilátero do Pecado, ou simplesmente A Boca, que os jogadores assumem o papel de produtores de cinema, empreendedores que levaram às salas de exibição pérolas do Cinema Novo, Cinema Marginal ou Cinema Cafajeste como era conhecido, entre o fim da década de 1960 e o início da década de 1980.

Boca
Cada jogador é dono de uma produtora, que contrata os profissionais da próxima produção nas mesas do Bar Soberano – estabelecimento frequentado por produtores, técnicos, atores, escritores e coadjuvantes. À época, até mesmo os roteiros podiam ser negociados lá, muitos deles com os “roteiristas de suvaco”. Escolha um roteiro, contrate o cineasta e os atores e caia na estrada na sua Kombi carregando todo o staff de produção. Termine o longa-metragem, corra como puder da censura e estreie seu filme no Cine Marabá para aumentar sua fama.

Sobre o jogo
Boca é uma alocação de dados e gerenciamento de mãos, com toques de leilão e colecionar conjuntos (set collection), onde os jogadores precisam administrar uma produtora cinematográfica, realizar filmes e otimizar o dinheiro recebido para criar novos longas-metragens. Cada jogador atua com cinco dados para escolher novo roteiros, contratar diretor, ator, atriz e coadjuvante, além de técnicos com vantagens diferenciadas. Os dados também são utilizados para conseguir mais patrocínios, um dado extra temporário e uma Kombi extra – cada produção utilizava uma Kombi como transporte, assim, só é possível realizar dois filmes ao mesmo tempo com dois veículos em sua produtora.
O maior obstáculo para lançar filmes à época era a censura, que direcionava sua tesoura a praticamente todas as produções. Em Boca, você será capaz de debater com o censor (numa disputa de rolagem de dados para preservar seu filme ou até mesmo “bajular” o representante da DCDP (Divisão de Censura de Diversões Públicas) para levar suas ideias na íntegra para a sala de cinema.